Nação, está chegando a época de eleiçoes na Gávea e as primeiras
candidaturas já foram lançadas. O nosso Blog entrou em contato com
alguns candidatos a presidência e estaremos postando aqui nas próximas
semanas algumas entrevistas com alguns deles. A
nossa idéia é expôr e ajudar a divulgar as idéias por eles propostas.
A primeira entrevista é com o candidato Affonso Romero. A entrevista foi divida em duas partes pois é um pouco extensa e assim fica menos cansativo.
1 – O que é a Revolução Rubro-Negra?
É um movimento de rubro-negros, sócios ou não do clube, que estão
insatisfeitos com o modelo de gestão amadora do clube. A Revolução não é
apenas oposição à Presidente Patrícia Amorim. A Patrícia é um exemplo
do mal que uma gestão amadora pode fazer ao clube, mesmo que bem
intencionada. A resposta que a Revolução Rubro-Negra dá a esta situação é
um CHOQUE DE GESTÃO PROFISSIONAL. Ou seja, o Presidente e sua Diretoria
passam a cuidar efetivamente do planejamento estratégico do clube, mas a
gestão operacional do Flamengo ficará a cargo de profissionais
qualificados em suas áreas de atuação, sem interferência cotidiana de
amadores.
2 – Nos últimos 20 anos vários presidentes passaram pelo
Flamengo e pouca coisa mudou, porque com o Affonso Romero seria
diferente?
Porque a mudança que nós estamos propondo com a Revolução não é
apenas de nomes, mas de modelo de gestão. Eu sou um profissional de
comunicação, um publicitário com uma formação acadêmica muito boa,
conheço a estrutura de gestão do Flamengo e acompanho futebol há mais de
40 anos. Mas não é por isso que eu tenho o direito de achar que conheço
tudo, sei de todas as soluções, seja capaz de fazer tudo sozinho. Quem
diz isso mente, engana. O que o Flamengo precisa é definir onde quer
chegar e deixar gente capacitada e profissional em cada área de atuação
tocar o cotidiano operacional do clube, com dedicação exclusiva e sem
politicagem.
3 – O fato de o presidente do clube morar em São Paulo não irá atrapalhar no trabalho?
A presença do Presidente deve ser valorizada. O Presidente não
pode, com sua presença cotidiana, ofuscar o trabalho dos profissionais,
nem interferir nas decisões técnicas operacionais. Quem fala que o
Presidente deve estar no clube o tempo todo não entende a diferença
entre gestão estratégica e gestão operacional. A função estratégica e
política de um Presidente exige que ele esteja atento ao clube e às
grandes questões, o que pode ser feito de qualquer lugar. O principal é
que dê estrutura e respaldo aos profissionais contratados, e isso inclui
a confiança de que as missões dadas serão cumpridas. Alguém contestaria
um Presidente que morasse em Madureira ou em Realengo, na Baixada ou em
Niterói ou em Vargem Grande, onde fica o nosso CT? Dependendo das
condições do trânsito, estes lugares ficam mais distantes da Gávea que
os 40 minutos de voo que separam Rio e São Paulo. Será que o presidente
do Flamengo só poderia mesmo morar no início da Barra ou na Zona Sul?
Além disto, em São Paulo estão localizados os principais possíveis
parceiros que o Flamengo poderá ter.
4 – Um profissional torcedor de outro clube grande do Rio poderá trabalhar do Flamengo?
Eu devolveria esta com outra pergunta: é possível que um executivo
da Coca-Cola consuma Pepsi em público? Obviamente, os gostos pessoais de
cada um não estão em questão, mas o comportamento público de qualquer
bom profissional é de identificação total com a instituição a quem ele
serve. Há hoje no Flamengo profissionais e atletas que, intimamente, são
torcedores de outros clubes, e não há nada de desabonador nisso. O
importante é que, enquanto estejam no Flamengo, os profissionais - tanto
os atletas quanto os administradores - saibam defender o Flamengo,
conhecer o clube, respeitar sua torcida e seus sócios, trabalhar sempre
na direção daquilo que foi acertado como a estratégia estabelecida para o
clube.
5 – A Revolução Rubro-Negra propõe um “CHOQUE DE GESTÃO PROFISSIONAL” no Flamengo. Isso acarretará em mudanças na estrutura organizacional do clube. Como ficará, resumidamente, essa estrutura?
A maior mudança que a Revolução está propondo é na maneira de fazer
a gestão da estrutura que já existe, ou seja, que os profissionais
substituam os gestores amadores. Não adianta ficar mudando tudo por
mudar. A divisão do clube em departamentos é acertada. Só é necessário
deixar claro quais são aqueles que respondem pelas atividades-fim e
pelas atividades-meio. As atividades-fim são aquelas para as quais o
clube existe: o futebol, os esportes olímpicos de competição e o clube
social. As outras são atividades de apoio, que servem como prestadoras
de serviços e que dão as condições necessárias para que o Flamengo
consiga cumprir com seus objetivos. O que nós estamos propondo é que a
estrutura seja definida em função dessas necessidades, que as decisões
estratégicas sejam do Presidente, mas que a operacionalização das ações
seja feita por profissionais. O que não pode continuar acontecendo é que
amadores mandem na gestão cotidiana do clube.
6 – O Zinho vem fazendo um bom trabalho no Flamengo. Ele é o tipo de profissional que te agrada? É muito cedo para falar de nomes, mas existe a possibilidade de ele ser mantido no clube?
É cedo para falar em nomes, mas não para falar em perfis
necessários para os profissionais. O Zinho está demonstrando ser um bom
profissional. Eu só gostaria de destacar que o trabalho dele é de nível
gerencial, na intermediação entre elenco, técnico e diretoria amadora. E
isso ele está fazendo de maneira muito acertada. No modelo que nós
apresentamos, haverá alguém que faça esta função, e nada impediria que
fosse o Zinho. Mas haverá também um Diretor Executivo do Departamento de
Futebol cuja função será administrativa, será a de coordenar todas as
ações do futebol: base, profissionais, área de saúde, contratos,
estrutura, logística etc. Caberá a este profissional escolher toda a sua
equipe, inclusive o Gerente Técnico.
7 – O Revolução Rubro-Negra acha que os esportes olímpicos serão capazes de se sustentar? Isso parece ser um pouco utópico. Caso não consigam se sustentar, o que acontecerá a eles?
Veja exemplos de clubes como o E.C.Pinheiros e o Minas Tênis, que
têm uma estrutura olímpica profissionalizada e equipes de ponta em
alguns esportes, sem que isso signifique prejuízos aos clubes. Estes
clubes têm tradição em suas cidades, mas não têm a exposição pública do
Flamengo, não têm a sustentação de uma marca como a do Flamengo, nem 35
milhões de torcedores. O estranho é que estes clubes – e tantos outros –
consigam captar patrocínios e parcerias, sejam competitivos, e o
Flamengo, tendo muito mais condições, não consiga competir sem gerar
prejuízos. Qual a diferença, então? A diferença está no modelo de
gestão, que no Flamengo hoje é amador, além de ser uma imensa bagunça.
8 – O estatuto do Flamengo é arcaico em vários aspectos. O Revolução Rubro-Negra pretende tentar fazer mudanças no estatuto? Se sim, quais seriam essas mudanças?
O Estatuto precisa ser revisto. No mínimo, porque já é antigo, e
merece ser debatido e adaptado às necessidades atuais. Mas o Estatuto
não deve ser usado como desculpa. O Flamengo pode ser muito bem
administrado com o arcabouço legal existente. O choque de gestão
profissional, por exemplo, é plenamente viável dentro das regras atuais.
Hoje, o processo de profissionalização da gestão passa pela decisão
política do Presidente em fazê-la. O Estatuto deve ser mudado para
garantir que esta evolução seja incorporada à gestão do clube, sem
retrocesso posterior. Mas quem se prepõe a fazer mudanças no modelo de
gestão não pode ficar esperando pelo Estatuto, usando esta desculpa para
afirmar que é necessária uma fase de transição. Isso é balela de quem
não quer mudar nada, de quem quer interferir no trabalho dos
profissionais. Isso é coisa de quem fala de profissionalismo porque é
moda, mas nunca acreditou nisso de verdade.
9 – Como candidato a presidência, você teme os Conselhos do clube como possíveis pedras no seu caminho ao tentar realizar mudanças tão drásticas no clube?
Os Conselhos costumam levar uma culpa que não têm, são usados como
bodes expiatórios por Diretorias incompetentes. Eu pergunto sempre qual
foi a mudança, qual foi o projeto, qual foi a decisão favorável ao
Flamengo que tenha ficado prejudicada pelos Conselhos. Ninguém responde
objetivamente a isso. O que há é uma necessidade de se aprovar projetos
de longo prazo, contratos que envolvem valores muito altos, então isso
tem que ser bem debatido e explicado aos Conselheiros. Eu acho que isso é
bom para o clube, porque protege de ações precipitadas, de
voluntarismos, de negócios mal feitos. Os Conselhos são protetores da
instituição cujas decisões são sempre coletivas, tomadas por um número
grande de rubro-negros. Pode ser que, em algumas ocasiões, uns poucos
integrantes de algum Conselho tentem impor arbitrariamente uma vontade
pessoal, e para resolver impasses há a sabedoria da maioria, expressa
por debates e votações.
10 – Nos últimos anos notou-se um distanciamento da torcida com o Flamengo. As médias de público não têm sido tão boas, a torcida não tem ido tanto ao estádio. O que a Revolução Rubro-Negra pretende fazer para reaproximar a torcida do clube, fazer o torcedor voltar aos estádios?
Nós, torcedores, gostamos de acreditar que o grito da torcida incendeia o time dentro de campo. Isso é uma meia verdade. Porque também é verdade que o a performance do time dentro de campo também contagia e incendeia a torcida. Parte dos torcedores vai a todos os jogos, independente da fase do time. Mas temos que reconhecer que há torcedores que só se veem motivados quando o time vai bem, ou pelo menos demonstra raça, dedicação e foco nos jogos. Mais do que apenas montar um boa equipe, é obrigação da Diretoria manter o grupo comprometido e focado em representar o Flamengo com profissionalismo e seriedade. Isso motiva o torcedor a ir ao estádio, gritar o nome do clube, querer estar dentro de campo junto com o time. Há aspectos que também devem ser cuidados e que têm menos ligação com a paixão, e mais com a razão: o Engenhão é uma péssima opção para a torcida rubro-negra, um estádio frio, mal situado. Ter que jogar lá é reflexo de falta de planejamento dos anos anteriores, porque o Flamengo é dependente de estádios que não são seus. Outra questão é a de desenvolver incentivos para que os torcedores tenham vantagens em ir a todos os jogos, como ingressos mais baratos para quem comprar a temporada inteira.
11 – Grande parte da torcida reclama do fato de o Flamengo não ter um programa de sócio-torcedor. Vocês pretendem fazer um? Como seria? Quais as vantagens o torcedor teria?
O
Flamengo tem vários tipos de torcedores, com diferentes níveis de
inteiração com o clube. Seria uma bobagem apresentar um único modelo de
sócio-torcedor, porque sempre haverá gente que não seria contemplada. E
seria pretensioso dizer o que o torcedor quer. É preferível perguntar
isso aos diversos torcedores, saber quais os benefícios que eles querem
com um projeto deste porte. E dar a cada tipo de torcedor as vantagens
desejadas. É nesta segmentação de mercado que atenderemos a um grupo tão
diverso e tão grande, a um custo justo. Mas independente do modelo, é
inadiável ampliar e renovar o quadro social do CRF, dando a cada
Rubro-Negro a chance de ser sócio e assim participar do processo
eleitoral.
12 – O Flamengo tem a maior torcida do mundo e não tem um estádio próprio. O Revolução Rubro-Negra pretende fazer parcerias para a construção de um estádio ou arrendamento do Maracanã?
O Maracanã que conhecemos, infelizmente, acabou. O estádio que
está sendo construído é uma incógnita. Mantém-se uma localização
privilegiada, e supostamente será um estádio moderno, espaçoso e
confortável. A questão é saber se aquela antiga magia continuará a
existir. O Maracanã deve muito ao Flamengo, que é o conteúdo que
justificou a existência do estádio, deu a ele suas maiores rendas e
públicos. Precisamos conhecer os termos de licitação do arrendamento do
Maracanã, se eles seriam bons ou não para o Flamengo. É necessário que o
Estado reconheça que o Flamengo é mais importante para o Maracanã que o
contrário. Estes são os termos de uma negociação, saber que vantagens
darão ao Flamengo para jogar lá. Para negociar assim, é necessário ter
na manga um plano B. Em resumo: eu prefiro ver o Flamengo jogar num
estádio que possa realente chamar de seu, e este estádio pode até mesmo
ser o Maracanã. Depende dos termos do arrendamento. Senão, o Flamengo
tem como viabilizar a construção de um estádio próprio, com parcerias.
13 – O que você acha do trabalho que a Patrícia Amorim vem realizando? O que ela tem feito de bom e quais os erros dela?
É muito fácil, a estas alturas da gestão da Patrícia, apontar o
dedo e dizer que ela não faz nada certo, como se ela não fosse uma
rubro-negra apaixonada pelo clube, com grandes serviços prestados como
atleta e política. Eu acho este tipo de crítica barata uma covardia. É
necessário avaliar que a Patrícia é uma representação dos limites que o
modelo de gestão amadora impõe ao Flamengo. Por mais eu ela queira fazer
mais, ela sozinha, cercada de um pequeno grupo de amadores, não é capaz
de realizar. Se trocar a Patrícia por outro, sem trocar o modelo de
gestão, o próximo repetirá seus erros. Veja a manutenção da sede da
Gávea: a coisa até melhorou um pouco com a Patrícia, ela é uma pessoa
cuidadosa com isso e faz o que é possível com os recursos que consegue
gerar. E aí é que está: o que ela não consegue é gerar mais recursos que
estes aí, não tem na sua equipe gente criativa, com soluções de
mercado, que saiba costurar boas parcerias. Então, não basta vontade, é
preciso competência. Para piorar, ela não deixa o comando do futebol ser
tocado por profissionais, e tampouco entende disso, então fica a
principal atividade do clube sem comando. O pior efeito desta gestão
dela, ou desta falta de gestão, é que cada um faz o que bem entende,
fala cada um por si, um se mete na área de outro, não há hierarquia,
respeito, ordem. Isso acaba sendo refletido no mau comportamento dos
atletas, na falta de respeito ao clube, e afasta os possíveis bons
parceiros. Hoje, ninguém quer juntar a sua marca comercial à do
Flamengo, que infelizmente virou um símbolo de bagunça no mercado.
COMENTE DIZENDO O QUE VOCÊ ACHOU DAS PROPOSTAS DO AFFONSO.
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