terça-feira, 10 de julho de 2012

Eleições na Gávea 2012: Affonso Romero - Parte 2

Nação linda, aí vai a segunda parte da entrevista com Affonso Romero, candidato a presidencia do Flamengo. A primeira parte dessa entrevista você encontra aqui.


14 – Apesar da proposta ser boa, o Revolução Rubro-Negra, ao que parece, não tem muita força política dentro da Gávea. É possível uma possível aliança com pessoas com mais influência como Marcio Braga, Kleber Leite e outros?
Qual é a forma típica de proposição de uma candidatura no clube, nas últimas eleições, e inclusive nesta? Os candidatos são expressões de sua vontade pessoal, são movidos por motivos próprios, vaidades e vontades individuais. Estas pessoas colocam dinheiro do próprio bolso na campanha, na melhor das hipóteses. Juntam ao seu redor alguns amigos, alguns amigos de amigos. Sua proposta de poder é reflexo de opiniões sortidas deste grupo de pessoas. Quando o candidato tem uma boa rede de relacionamentos dentro do clube, dizemos que este candidato tem “muita força política dentro da Gávea”, para ficar no termo que foi usado na pergunta. A Revolução Rubro-Negra parte de algo totalmente diferente. Iniciamos pela constatação de que o Flamengo precisa de um Choque de Gestão Profissional; passamos daí para um Programa de Gestão, e a candidatura é um resultado disso tudo, não o contrário. Estamos a mais de cinco meses da eleição e é natural que a maioria dos eleitores não esteja posicionada ainda. Os que estão são os amigos dos candidatos que vão se lançando. Então, cria-se uma percepção artificial que um ou outro possa ter apoios. Mas o que se vê é uma fragmentação destes grupos políticos tradicionais, ninguém representa nenhuma ideia, apenas suas vontades pessoais. Existe uma Presidente que tem seu próprio grupo, tem seus eleitores e que representa um modelo de gestão amadora que já se provou falido. E existe a Revolução, com propostas claras, com uma mudança de paradigma administrativo que é uma expectativa da Nação, com a força de ser o grupo que mais recebeu adesões nas últimas semanas, que quer o debate de ideias, a discussão do que pode ser o novo Flamengo, que representa o novo. É natural que o embate vá se dar entre a Patrícia, representando o modelo amador, e o Affonso, representando a Revolução e o modelo profissional. Nós não abrimos mão de nossos conceitos sobre profissionalização, porque eles são a razão da nossa existência política. Em torno disso, que é inegociável, receberemos apoios, votos e adesões de quem concorde que este é o caminho para o Flamengo. Não temos preconceito de conversar, nem de receber apoios, mas não negociamos em termos políticos tradicionais, o que queremos é mudar o modelo de gestão.

15 – “Craque o Flamengo faz em casa.” Ultimamente essa frase não tem sido muito verdade. Depois da geração de Marcelinho e Djalminha, o Flamengo só foi ter outra geração muito boa agora. Isso é pouco para um clube do tamanho do Flamengo. Quais são os planos do Revelação Rubro-Negra para que as categorias de base do Flamengo voltem a revelar grandes jogadores com frequência?
Há algumas ações necessárias para isso. A primeira é concluir o Centro de Treinamento e investir para que ele seja transformado num Centro de Formação de Atletas. O clube deve atuar na formação do homem, do atleta, não apenas do jogador. Isso facilita a fase mais delicada no aproveitamento do jovem atleta, que é a passagem da base para o grupo principal. Por ser um clube de massas, a pressão para um jovem ao entrar no time principal é maior do que em outros clubes, e é necessário que a formação pessoal forte, para que ele esteja preparado para suportar situações de pressão. A identidade com o clube também deve ser reforçada desde cedo, e isso inclusive também começa pelo desenvolvimento de um estilo de jogo próprio, que reflita os valores do Flamengo, como ofensividade, respeito ao bom futebol, velocidade e garra. E o jovem deve ser treinado neste estilo de jogo desde as categorias de base. Mas todas estas ações seriam inúteis se o Flamengo continuasse a desconsiderar o fato de ser o clube com maior penetração nas diversas regiões brasileiras. Então, o Flamengo deve ter peneiras e olheiros no Brasil todo, estar atento a tantos jovens talentos que desejam jogar no clube, e não apenas abrir as portas para gente que já venha indicada por empresários ou padrinhos.

16 – Com o crescimento da economia nacional e do futebol brasileiro, a situação econômica do Flamengo tende a melhorar cada vez mais. Outro fator importante é o contrato com a TV que vai dar um upgrade nas finanças do clube. O Revolução Rubro-Negra acha que vai pegar um clube bem financeiramente? Acha que vai conseguir realizar o que pretende dentro dos padrões financeiros do clube?
Sobre a situação financeira do Flamengo, em nosso site (http://www.revolucaorubronegra.com.br/site/category/blog/) há uma série de artigos com análises das demonstrações contábeis de 2011. De qualquer forma, independente do momento da economia, infelizmente a Revolução assumirá o Flamengo com uma imensa dívida que, antes de mais nada, deve ser exatamente calculada e renegociada. Além do mais, acontece no futebol uma característica interessante: as negociações coletivas, como a de tevê, favorecem ao mesmo tempo os vários clubes rivais, e o seu efeito imediato é inflacionar ainda mais o mercado de contratações de jogadores. É preciso saber gastar com sabedoria, sem queimar dinheiro com nomes de impacto e resultados pífios. É preferível investir em jogadores na curva ascendente da carreira, com maiores chances de repasse futuro, com lucro para o clube. Mas o que mais me empolga quanto aos resultados a serem alcançados é que uma mudança de postura administrativa atrairá de volta a força da marca Flamengo, o interesse dos parceiros e patrocinadores e gerará novas oportunidades de negócios.

17 – Qual a sua visão sobre o atleta Adriano? Um jogador decisivo dentro de campo, mas polêmica e problemático fora dele. Se o presidente atual do clube fosse Affonso Romero, o Adriano seria contratado? Sob quais condições?
 Seria uma grande contradição opinar diretamente sobre a contratação de um jogador, que é uma decisão operacional, e que deve ser tomada por profissionais de futebol. Mas este é um ótimo exemplo para demonstrar a importância de uma gestão operacional ser profissional, mas alinhada com a gestão estratégica, que permanecerá sendo privativa da Diretoria e do Presidente. No nosso Programa de Gestão, nós estabelecemos as características exigidas de um atleta profissional do clube, da importância que damos aos efeitos da imagem do atleta na imagem do clube, na preservação do foco no trabalho, de como devemos investir em jogadores na curva ascendente da carreira. Ora, um gestor profissional, sabendo disso, e estando alinhado a estes princípios de ação estratégica, saberá que o Adriano hoje não estaria alinhado aos resultados que queremos para o Flamengo.

18 – A Revolução Rubro-Negra promete fazer mudanças significativas no marketing do Flamengo. Quais são os objetivos que pretendem alcançar? Como serão essas mudanças? A falta de um patrocínio máster para o futebol é culpa do Marketing atual do clube?

 O Departamento de Marketing do Flamengo deve gerar os recursos necessários para que o Flamengo possa desenvolver todas as suas atividades-fim com competitividade e superávit operacional. Para isso, deve estar estruturado em pesquisa e prospecção de mercado; patrocínios e parcerias; desenvolvimento, gestão e valorização da marca; licenciamentos de produtos; geração de conteúdos; e comunicação social e relacionamento com a imprensa. Por pior que seja a atual gestão de marketing no Flamengo, a culpa pela falta de um patrocinador máster não é exclusiva do Departamento.  Num ambiente comercial em que as grandes marcas retraíram seus investimentos em publicidade, por conta da crise econômica mundial e da espera pelas oportunidades que serão geradas pelos grandes eventos esportivos que estão por vir, os clubes deveriam tentar formatar parcerias de médio e longo prazos com marcas que tivessem potencial de identificação com seus perfis, em lugar de apenas vender espaços publicitários em suas camisas. Mas como fazer isso se a marca do clube está relacionada hoje à falta de disciplina, à quebra da hierarquia, a comportamentos que beiram a marginalidade? Claro que resta apenas - em lugar de um relacionamento entre marcas - um espaço comercial a ser vendido na camisa do clube, uma propriedade medida em centímetros, uma relação em que uma história centenária é transformada em outdoor ambulante. Este reducionismo cobra um preço e não é culpa apenas do Departamento de Marketing.

19 – Com Affonso Romero na presidência, quais são as expectativas para o Flamengo em 2015? Sendo realista, diga como pretende deixar o clube em termos econômicos e nossa posição em termos de futebol e esportes olímpicos no cenário nacional.
O Flamengo não pode entrar em nenhuma competição para ser mais um. É obrigação do clube que representa uma Nação, 35 milhões de torcedores e uma tradição esportiva de mais de um século entrar sempre na lista dos favoritos em qualquer esporte que pratique. Esta condição não se conquista com o nome, ou com prepotência. Se conquista com trabalho, com um modelo de gestão, com a sabedoria em representar as características que deveriam fazer o Flamengo ser forte em ações que vão da montagem do elenco ao relacionamento com os patrocinadores. Claro que vencer é uma consequência deste trabalho feito por profissionais e sustentado pelo Presidente. Mas a beleza do esporte é que as conquistas também têm um componente de acaso. O objetivo real deve ser se manter sempre entre os melhores, porque isso é possível assegurar. Quem foca sempre na excelência acaba alcançando-a frequentemente. As conquistas assim passam a ser consistentes. O Flamengo entrará neste ciclo virtuoso, estará sempre preparado e focado na vitória. Com a gestão racional dos recursos, o uso da criatividade na formatação de soluções e parcerias e a alavancagem do marketing como ferramenta de geração de novos recursos, vamos incrementar o patrimônio e abater consideravelmente a dívida.

20 - Até que ponto ele se considera preparado para combater a politicagem centenária que ronda a Gávea? Se ele já sabe como agir contra esse tipo de artimanha existente e se ele já tem profissionais designados para protege-lo desse tipo de artifício.
 É preciso estabelecer as diferenças entre política e politicagem. Na política, deve-se buscar o consenso, o equilíbrio entre os opostos, o caminho da conciliação. A política, vista como a arte da negociação, é um instrumento da democracia. Já a politicagem é o toma-lá-dá-cá, é a agressão gratuita, é o entrave ao bom debate, é o jogo das sombras, a mentira reafirmada até virar verdade. Só há um caminho para combater a politicagem: é não ter medo da política, agir com transparência, responder sempre com argumentos, denunciar a mentira, insistir no debate de ideias. Quando se age assim, você faz emergir das sombras aqueles que não têm condições de discutir em bom nível, aqueles que só aderem aos bons projetos por demagogia. Se um candidato vier debater comigo à luz de sua opinião, merecerá meu respeito, e o respeito do eleitor. Aquele que foge de discutir ideias, que se esconde atrás de preconceitos, cairá em desgraça com o eleitorado. Na gestão do clube também é possível agir assim: a arma do politiqueiro é a desinformação, o preconceito, a mentira. Quem administra com total transparência consegue desmistificar as questões e elevar o nível para o campo dos conceitos.

21 - Se considera possível, sem ter apoio de políticos internos tradicionais, vencer a eleição. Qual estratégia para isso? Com o modo de gestão proposto no Revolução, terão que cortar relações abertas/corruptas com empresários de jogadores e entra-e-sai de empresários da Gávea. O que ele fará para se proteger destas forças existentes e que irão utilizar a mídia para atacar sua gestão?
 É impossível ganhar a eleição sem o apoio dos eleitores. Os líderes políticos tradicionais são também eleitores e apoio e voto são coisas que não se pode desprezar. Estamos abertos a ouvir todo mundo, não temos preconceitos. Só que nós somos contra o fenômeno do caciquismo e dos currais eleitorais. Não temos compromissos com pessoas, nem nos curvamos a ninguém. O compromisso da Revolução Rubro-Negra é com o Choque de Gestão Profissional. Não negociamos isso, e não faz sentido negociar cargos, uma vez que a gestão operacional não será feita pelos políticos. Então, quem estiver votando conosco estará votando numa proposta, estará elegendo a profissionalização total do clube.

Quanto aos empresários, há dois tipos distintos de relação. Há os empresários que representam jogadores na negociação de seus salários. É a regra do mercado, e eles têm mesmo que defender os interesses de seus representados. Então, as relações têm que ser de bom nível, entre partes que têm interesses comuns e alguns divergentes. E há os empresários que detém direitos econômicos de jogadores, e que usam os clubes como vitrines para valorizar seus ativos. Eu acho que não faz muito sentido querer usar o Flamengo para dar vitrine a um Zé Mané qualquer, porque um jogador mediano costuma desagradar a torcida e acaba se queimando num clube de massas. Mas se quiserem trazer para o Flamengo grandes jogadores, gente em condições de ser titular de uma seleção, por que não? Veja que o sonho dos empresários é levar seus jogadores para atuar no Manchester, no Real, no Barcelona, que são clubes organizados, estruturados, profissionais, transparentes. É preferível ganhar dinheiro num ambiente de negócios lícitos do que num ambiente viciado, e os empresários sabem bem disso. Por que não iriam querer ver seus jogadores atuando no Flamengo?

22 - Costurando eventual apoio do MB, quais os aspectos positivos e negativos em uma aliança com um dos maiores ícones dessa estrutura e sistema atual? Sabendo que o candidato propõe o contraponto através do choque de gestão proposto, contrariando os métodos praticados por gestões anteriores, inclusive do eventual aliado.
 A campanha da Revolução Rubro-Negra não é contra ninguém, nem contra a Patrícia pessoalmente nós somos. Não é uma questão de pessoas, é uma questão de modelo de gestão. E há gente que compreende isto, ainda que já tenha participado de gestões amadoras. O modelo amador está enraizado na cultura do clube, porque funcionou por mais de um século, trouxe o Flamengo até aqui. Ninguém precisa renegar o que fez, nem a contribuição que deu para perceber que o modelo deixou de funcionar, e agora precisamos fazer um Choque de Gestão Profissional. Veja o caso do Marcio, que é o ex-Presidente com mais mandatos e mais títulos pelo Flamengo: em 1976, quando ele liderou a FAF, ele fez uma revolução na gestão do clube, considerando a época e os costumes de então. Mas, depois, o ambiente político e o modelo amador fizeram aquele momento mágico do clube perder a força. Atualmente, as necessidades são outras, mas a presença de gente jovem, bem preparada, sem vícios e que chegue propondo uma transformação no modelo de gestão só pode contagiar o espírito daqueles que tentaram dar a sua contribuição e ficaram amarrados pelos limites do modelo amador.

23 - Quais serão as propostas para o Esportes Olímpicos, bandeira que a atual presidente irá utilizar para se promover diante de seus correlegionários?
 Cada modalidade de competição deverá ser tratada como um centro de custos independente, ou seja, capaz de ser autossustentável. As escolinhas subsidiarão as categorias de base, os custos para competir e formar novos talentos, que é uma das expertises do Flamengo. A performance das equipes principais, e seus ídolos, serão um incentivo para que jovens rubro-negros queiram praticar esportes. Estas equipes, sempre num nível superior de competitividade, serão garantidas por parcerias e patrocínios desenvolvidos pelo Departamento de Marketing, que não pode abandonar os esportes olímpicos. O Flamengo tem uma exposição natural na mídia, atrai a atenção de uma nação de 35 milhões de pessoas, então é natural que atraia o interesse dos melhores patrocinadores em cada esporte. Basta que sua imagem e sua marca sejam bem trabalhados, e que o dinheiro seja usado efetivamente para montar boas equipes. Não há razão que possa explicar por que o projeto olímpico de outros clubes venha a funcionar melhor que o do Flamengo. A atual gestão tem corroído a marca Flamengo, envolvendo o nome do clube em escândalos e malfeitos. É necessário que os sócios percebam o quanto isso prejudica a captação de recursos para todas as atividades-fim, inclusive a manutenção de sede e os esportes olímpicos.

24- O candidato tem consciência de que modelo de gestão que ele está propondo seria aparentemente incompetível com muitas brechas que existem no modelo atual para que pessoas parasitem o clube e se enriqueçam ilicitamente às suas custas?
 As pessoas que tentam enriquecer ilicitamente às custas do Flamengo afugentam, com suas práticas, as empresas potencialmente parceiras que gostariam de desenvolver projetos com o Flamengo em que ambas as partes ganhem dinheiro licitamente. Nós não negamos que o esporte possa gerar oportunidades e seja hoje um mercado negocial. Ao contrário, nós partimos desta realidade para constatar que a presença de amadores só faz abrir estas brechas para parasitas e negociatas. Tornar a gestão profissional, competente e transparente faz com que a força do ambiente de negócios gere também benefícios para o clube, subindo o nível de entendimento com o mercado e atraindo gente séria e acostumada e fazer negócios que beneficiem todas as partes. Desta forma, os aproveitadores acabarão defenestrados do ambiente do Flamengo, e certamente vão procurar se instalar em outros hospedeiros.

25 – Convença o torcedor de que deve votar em Affonso Romero para presidente do Flamengo.
Durante um século, os clubes foram administrados por amadores. Um modelo que teve seu tempo e deu seus resultados. A entrada de novos recursos no esporte, principalmente no futebol, fez com que os clubes tivessem que aprender a lidar com um novo universo. Dentre os principais clubes do mundo, é possível encontrar os mais diversos modelos societários. Mas não se encontrará nenhum que adote o modelo de gestão amadora. O que eu estou propondo para o clube, junto com a Revolução, é um Choque de Gestão Profissional que significa colocar o Flamengo em igualdade de condições administrativas com os principais clubes de futebol do mundo. Já foi o tempo que as diferenças econômicas entre o Brasil e os países europeus poderiam justificar diferenças entre os clubes brasileiros e os daqueles países. Hoje, a economia brasileira é maior e mais forte que a de países como Inglaterra, Espanha e Itália, onde estão as principais ligas e clubes. O Flamengo tem que ser tão ou mais rico que os principais clubes destas ligas, mas este caminho começa na adoção de um modelo de gestão profissional. A Revolução Rubro-Negra mostra, em seu Programa de Gestão como é possível adotar este modelo de imediato, sem subterfúgios, sem desculpas. Por isso o Flamengo vai votar no Affonso e na proposta da Revolução Rubro-Negra.


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